Dezembro está a chegar

Maputo irá celebrar mais uma semana de Moda. Uma semana em que a cor, a alegria, a criatividade e a inspiração de dezenas de jovens tomará conta da passarela num contar de histórias, as suas, de uma forma inovadora.

Cada história terá o seu encanto, mostrará a cada um de nós, uma forma de ver e sentir aquilo que lhes move, a sua paixão pela moda e a sua vontade de influenciar a forma de ser e estar da sociedade em que gostariam de viver.

Assim foi durante estes dezassete anos, a força do evento, imaginar, inovar e influenciar.
Trazer para o imaginário real temas concretos e importantes para que pudessem ser discutidos e trabalhados. Desde o âmbito social aonde a prevenção do cancro da mama hoje transformada em Outubro Rosa, os casamentos prematuros, o cancro da pele, o rapto de crianças e a violência doméstica.

A formação de estilistas e de modelos, enviando mais de 30 estilistas para formação em vários países, principalmente Itália devido à relação com a Federação de Moda Italiana e promovendo anualmente formações com profissionais internacionais destacados de moda em Maputo.

Relacionamos a arte com a moda, a música, a gastronomia, o turismo por forma a mostrar um Moçambique vibrante para o continente e para o mundo.

Teremos chegado ao fim daquilo que é a nossa missão? Não.

Não por ausência de capital criativo, cuja abundância se revelou sempre em outros sectores, mas sim por falta de contexto social, político e econômico que estimulasse o desenvolvimento de uma indústria têxtil e do vestuário capaz de engendrar e sustentar um sistema de moda efetivo.

Com efeito, desenvolvimentos significativos têm ocorrido na moda africana na última década. O primeiro na perceção estrangeira: moda e tecidos africanos já não são vistos pelos consumidores Europeus e Norte-americanos apenas como roupa “tradicional” (um eufemismo para significar que a roupa feita e usada por Africanos carecia do requinte da moda Ocidental). O segundo, é decorrente daquele, espelha-se na profusão de mostras de
moda africana que ocorrem tanto no Continente como fora dele.

Por isso dizemos que chegou a nossa hora, chegou a hora de mostrarmos ainda mais a nossa capacidade criativa, uma indústria que precisa de ter toda a sua cadeia de valor estabelecida, para que potencie ainda mais, os milhares de jovens espalhado pelo país com um capital enorme de criatividade e que precisam de ter os meios de formação e
desenvolvimento para poderem competir num mercado de igual para igual.

Esse mercado não pode ser só o mercado nacional, terá e deverá ser, também o mercado internacional, valorizando as suas marcas e principalmente valorizando o país aonde vivemos e amamos.

As recentes parcerias estabelecidas com o ABSA, levam-nos para uma preparação mais integrada daquilo que serão os futuros estilistas e a sua preparação para a criação de marca e a sua gestão como empresas. O olhar para os seus ativos intangíveis também merece cuidado e a sua potenciação também depende do trabalho que em conjunto
faremos.

Saímos de tempos em que despertamos o interesse e criamos o mercado. Hoje já existem,
felizmente, mais alguns movimentos de moda e vários princípios de agências de modelos.

Com o mercado num processo de evolução, a oportunidade, o glamour, o encanto criado, permite um maior fluxo de intervenientes e uma maior procura da qualidade, fator extremamente importante nesta Indústria.

É tempo então de transformar agora a indústria olhando o futuro.

É tempo de olhar seriamente para o que queremos e para onde queremos estar no futuro. A regulação da indústria criativa, será um fator importante, mas mais importante será criar uma cadeia de valor para a Indústria Têxtil.

Moçambique é único e tem agora toda a oportunidade de fazer a diferença.

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